O aprendizado da moralidade é algo complexo, decorre ao longo da vida. Acatar e aceitar determinadas regras consideradas modelos do correto não tornará as pessoas melhores, só a percepção é capaz de, gradativamente, fazer isso. Você até pode ensinar moralidade, mas não se trata de baixar regras: trata-se de incentivar a percepção para a consciência moral.
Consciência moral é uma espécie de afinação que adquirimos para reconhecer o certo e o errado. O ser humano possui isso naturalmente, mas precisa treinar e ajustar [essa capacidade] durante a vida. Os escolásticos chamavam a capacidade de distinguir o bem do mal de “sindérese”, que é uma capacidade sináptica.
Já a imposição de uma regra moral deixa dúbia a percepção ética. Sei disso pelo fato que eduquei oito filhos. No começo eu era rígido, botava ordem e davas regras, mas, depois, notei que não funcionava.
A verdade é que seu filho não vai fazer o que você mandá-lo fazer, todavia, fará aquilo que viu você fazer. Portanto, só existe o ensinamento moral por meio de exemplos.
Você quer que seu filho seja bondoso e carinhoso? Seja você bondoso e carinhoso. Você quer que seu filho seja corajoso? Então seja você corajoso. Seu filho não está aprendendo com você apenas nos momentos que você deseja. Ele está aprendendo 24 horas por dia. Quando você está “distante”, ele está lá, vendo e aprendendo com você! Ou seja, você não ensina para ele o que você quer. Você ensina para ele o que você é!
Eu não acredito que basta baixar regras morais. Apenas considero útil que elas existam como referencias.
Proferido por Olavo de Carvalho.
Adaptado por Eric M. Rabello. Revisado por Fabio Rabello.
Nota do editor:
Esta postagem é uma transcrição adaptativa e não integral do Programa True Outspeak, transmitido em 26 de novembro de 2007.
Se preferir, ouça o trecho do programa True Outspeak que gerou esta postagem: